Dilema: Confiar ou Não?
É possível voltar a acreditar em alguém depois que nossa confiança é traída?
Você já foi traída por alguém em quem confiava? Quando nossa confiança é quebrada, parece que algo em nós morre, ficamos arrasados, certos de que nunca mais voltaremos a confiar em outra pessoa
Confiança não se ganha, se conquista! A sabedoria dos nossos avós se faz cada dia mais atual. Confiar ou não confiar em alguém não é uma escolha voluntária. O ato de acreditar ou desconfiar de alguém é mais uma reação às experiências que tivemos com essa pessoa ou com outras, na história de nossas relações sociais ou amorosas.
Ser traído é uma das situações mais traumáticas que o ser humano pode vivenciar. Não é apenas a confiança no autor da traição que é abalada. Nós também somos atingidos. Algo se quebra. Além da raiva, da frustração e da queda de nossa autoestima – pois nos sentimos tolos por ter confiado -, passamos, automaticamente, a desconfiar (ou confiar menos) nos outros à nossa volta.
O perigo do isolamento
“Nunca mais confiarei em alguém assim”, pensamos. E mesmo que isso tenha sido afirmado no momento da raiva, parte disso acaba acontecendo mesmo. Ficamos mais resistentes, mais fechados. Esse processo faz parte de nosso amadurecimento. Mas é preciso percebermos quando esse estado de atenção passa a prejudicar nossas relações, nosso casamento e até mesmo nosso estado emocional.
O trauma causado pela traição pode nos tornar paranoicos a ponto de nos isolarmos. Sempre na defensiva, achamos que estamos nos protegendo, prevenindo novas decepções. Mas o que estamos fazendo, na verdade, é nos fechando para a vida. Somos seres sociais, precisamos nos relacionar. E todo relacionamento pressupõe alguma confiança, alguma entrega. Correr riscos faz parte de viver.
É preciso voltar a confiar
E se nos arriscamos novamente e vemos nossa confiança sendo recompensada, a ferida, aos poucos, vai cicatrizando. Vamos nos tornando mais corajosos para acreditar, e isso nos dá conforto emocional, pois nosso estado natural é confiar. Desconfiar é desgastante. Viver “pisando em ovos” com todos nos rouba energia mental e nos adoece. O medo tira a cor e o sabor da vida, nos torna amargos.
Lembre-se: ninguém é completo, ninguém é perfeito. As pessoas erram (você também!). Precisamos dos outros para nos completar. Observar, conviver, aceitar, aprender, confiar… Tudo isso faz parte da aventura da nossa existência. Talvez o primeiro passo para voltar a confiar nas pessoas é não esperar muito delas, não exigir demais. Não são todos inimigos em potencial, são gente, que sofre, que erra e que tenta acertar também.
Quanto mais convivemos com as pessoas, mais conhecemos suas qualidades e limitações. E o amadurecimento da confiança é exatamente sabermos se e o quanto podemos confiar em alguém, até onde podemos ir com ela, de forma consciente e não paranoica. Confiar incondicionalmente é raro e, em geral, desnecessário. Então confie o suficiente. Isso lhe dará tranquilidade, conforto e segurança para seguir em frente, sem medo.