A Busca pela Felicidade
E você, é feliz?
Quando alguém lhe pergunta se é feliz, você pensa em quê? No emprego, no carro, no casamento? Será que você tem mesmo buscado a SUA felicidade ou tem corrido atrás de um modelo impossível?
Todos os dias recebemos um verdadeiro bombardeio de determinações e fórmulas para sermos felizes. Mas, o que é felicidade? Será que a felicidade existe ou é apenas mais uma utopia criada para vender coisas e ideias? A imagem da pessoa de sucesso, feliz e vitoriosa, que nos é imposta como referencial pode, na verdade, nos trazer ainda mais angústia e desesperança.
Para alcançarmos essa perfeição, esse horizonte inatingível, as soluções propostas costumam ser do tipo “faça”, “compre”, “use”. Na TV, nos chamados livros de autoajuda, nas crenças e nas mídias sociais, o menu é farto e absurdamente simples: Basta comprar a roupa da moda, fazer a malhação do momento, seguir a dieta das estrelas, cumprir o ritual infalível! Muitas vezes, esses modelos nos fazem procurar insistentemente um sonho que não é nosso.
Talvez seja a hora de parar e perguntar: o que é felicidade para VOCÊ? A satisfação fugaz do objeto adquirido, dos quilos perdidos ou da meta alcançada costuma ser acompanhada do vazio de sentido. E para voltarmos àquele estado de contentamento, buscamos mais conquistas, e com elas, mais estresse e vazio. E caímos na mesma armadilha do imperador Alexandre, o Grande, que, ao notar que não havia mais terras para conquistar, chorou.
O importante resgate da identidade
O grande paradoxo é que, quando tentamos seguir o modelo de felicidade do outro, na verdade, estamos negligenciando a nós mesmos. E, sair desse círculo vicioso não é fácil, pois será preciso romper com o formato imposto pela maioria (ou para a maioria) e seguir nossas próprias regras. Olharmos para dentro e tentarmos lembrar de quem somos, de onde viemos e o que buscamos de fato.
Não é fácil, como sugeriu o poeta Fernando Pessoa, regar nossas plantas, amar nossas rosas e nos contentarmos com a sombra das “árvores alheias”. Acabamos encarando uma certa “síndrome de abstinência” dessa felicidade superficial que nos é vendida. Mas o fato é que não precisamos estar sorrindo vinte e quatro horas por dia, como a família da propaganda de margarina. Felicidade é mais que isso.
Há quem acredite que a felicidade não é um sentimento, é um “estado de espírito”, uma média geral de nossa vida. Precisamos somar todas as pequenas alegrias e tristezas, todas as conquistas e fracassos, todas as lições aprendidas. A busca pela felicidade é diária, mas não precisa ser uma obsessão. Não está em tentarmos ser perfeitos e sim em apararmos as arestas, em nos voltarmos para nós mesmos e resgatarmos nossa identidade, nossa alma de criança.
Não é errado ter, comprar, fazer ou ser. Não há que se ter vergonha das conquistas, dos bens, das viagens, do estilo de vida – desde que feitos com consciência. Mas é preciso ter cuidado quando embasamos nosso conceito de felicidade pessoal em coisas assim. “Sou feliz porque troquei o carro, comprei a casa, conquistei o emprego, me casei e conheci Paris”. Talvez a pergunta certa não seja “Você é feliz?” e sim “E seu espírito, é feliz?”.